17/05/2025 –, Aaron Swartz
Idioma: Português brasileiro
A atividade analisará os desafios do controle democrático sobre a vigilância estatal, tendo como pano de fundo o crescente poder invasivo das novas tecnologias e a fragilidade dos mecanismos de fiscalização. Em forma de apresentação interativa, discutiremos três aspectos: (1) o alcance e complexidade da atividade de inteligência contemporânea; (2) as limitações do sistema de controle atual; e (3) os caminhos para melhorar a fiscalização, tendo como base experiências internacionais. O debate buscará iluminar o delicado equilíbrio entre o necessário sigilo das ações de inteligência e o imperativo democrático da accountability, tecendo reflexões sobre como podemos - efetivamente - vigiar os vigias.
A crescente sofisticação das tecnologias de vigilância, aliada à fragilidade dos mecanismos de controle, segue elevando os riscos para a proteção de direitos fundamentais e para a estabilidade democrática. O recente escândalo da "ABIN Paralela", que revelou o uso indevido de ferramentas de rastreamento contra opositores, evidencia os perigos da falta de fiscalização efetiva. Se até altas autoridades, como parlamentares e ministros do Supremo, podem ser monitoradas ilegalmente, a vulnerabilidade da população como um todo se torna ainda mais evidente.
Nos últimos anos, as atividades de inteligência passaram por uma transformação significativa, com a adoção de tecnologias altamente invasivas, a coleta massiva de dados, parcerias com empresas privadas e cooperações transnacionais. Além disso, o setor envolve uma ampla rede de atores, tornando sua fiscalização ainda mais desafiadora. No Brasil, apenas no âmbito federal, o sistema de inteligência conta com 48 órgãos, refletindo a crescente complexidade dessa estrutura.
Os mecanismos de controle, entretanto, não acompanharam esse avanço. O modelo atual permanece fragmentado e reativo, sem capacidade para enfrentar os desafios impostos pelas novas tecnologias e pela ampliação do alcance da inteligência estatal. A fiscalização, via de regra, ainda depende de denúncias ou vazamentos, o que, em um setor pautado pelo sigilo, significa que grande parte das ações irregulares jamais será submetida a escrutínio adequado.
Nesta abertura da atividade, serão analisados os riscos trazidos pelas práticas de vigilância contemporâneas e como elas se inserem na estrutura atual da inteligência brasileira. Na sequência, serão discutidas as limitações dos atores institucionais responsáveis pelo controle dessas atividades e apresentados caminhos possíveis para o fortalecimento da fiscalização, tendo como base experiências internacionais bem-sucedidas.
Consultor jurídico e político especializado em tecnologia e segurança. Coordena a assessoria técnica do PSOL na Assembleia Legislativa do RS. Advogado (UFRGS) e mestre em Administração Pública (EBAPE/FGV) com +8 anos de experiência na fiscalização do Estado, atuando em áreas complexas e de difícil acesso, como sistema prisional, segurança pública e inteligência. Pesquisa controle das atividades de inteligência no e:Lab (FGV) e no Legiscraft, tendo minutado propostas legislativas para fortalecer esse controle em nível estadual e federal.