CryptoRave 2025

Solucões Desconectadas para Problemas em Rede? Estratégias de Resistência(s) às Violências Mediadas por Tecnologia!
17/05/2025 , Ada Lovelace
Idioma: Português brasileiro

Em muitas profissões, manter uma presença virtual tornou-se uma expectativa e é praticamente considerado "parte do trabalho". No entanto, para muitos indivíduos e comunidades, estar em espaços online frequentemente envolve o risco de violência e intimidação. Pesquisas que investigam a proliferação da violência e dos ataques em plataformas demonstram que esse não é um problema isolado ou único - e pode estar se agravando. No entanto, tanto evidências empíricas quanto relatos de criadores de conteúdo destacam um paradoxo do ambiente digital: embora possa facilitar a violência e a exclusão, também oferece oportunidades de conexão, colaboração e educação. Nesta sessão interativa, discutiremos experiências vividas sobre o tema e, coletivamente, mapearemos estratégias e práticas de prevenção e cuidado digital inspiradas em métodos feministas. Nosso objetivo é fortalecer coalizões em torno de um problema que tem impactado ativistas - incluindo a comunidade da Cryptorave - , pesquisadores, militantes e jornalistas além de ampliar a conscientização sobre as consequências do assédio mediado por tecnologia e as medidas preventivas disponíveis. Por fim, buscamos inspirar práticas de resistência e cuidado baseadas em evidências para enfrentar esse tipo de violência.


As repercussões do assédio e das violências mediadas por tecnologias digitais (e as respostas das instituições a esse cenário) vão além de blogueires ou criadores de conteúdo. Trata-se, na verdade, de um problema generalizado que pode afetar qualquer pessoa com uma identidade minorizada que esteja conectada à internet e busque participar de debates públicos, seja no ambiente online ou offline. Em muitas profissões manter uma presença virtual tornou-se uma expectativa e é praticamente considerado "parte do trabalho". No entanto, para muitos indivíduos e comunidades minorizadas, estar em espaços online frequentemente envolve o risco de violência e intimidação. Pesquisas que investigam a proliferação da violência e dos ataques em plataformas digitais demonstram que esse não é um problema isolado ou único — e pode estar se agravando. Esse contexto pode parecer desanimador para qualquer pessoa que deseja participar da esfera pública, seja online ou offline, mas que não se encaixa no modelo hegemônico cis-hetero-patriarcal. No entanto, tanto evidências empíricas quanto relatos de criadores de conteúdo destacam um paradoxo do ambiente digital: embora possa facilitar a violência e a exclusão, também oferece oportunidades de conexão, colaboração e educação. Diferentes mobilizações e estudiosos da internet há muito destacam o papel significativo das tecnologias digitais na mobilização feminista, na construção de comunidades LGBTQ+, na resistência indígena e em diversas outras lutas feministas e anticoloniais. Esses exemplos são fundamentais para evidenciar o potencial de enfrentamento e as diversas formas de resistência às violências mediadas por tecnologias.

Como aponta Ruha Benjamin, fomentar narrativas, histórias e alimentar uma imaginação radical sobre como as tecnologias podem ser diferentes é essencial para enfrentar os padrões opressivos dessas tecnologias (2019). Então proponho, nesta sessão interativa, iniciar com uma discussão sobre experiências vividas sobre o tema e, coletivamente, mapearemos estratégias e práticas de prevenção e cuidado digital inspiradas em métodos criativos feministas. Facilitarei esse mapeamento focando nos ecossistemas e instituições que moldam suas experiências vividas na economia de plataformas, com atenção especial às estruturas tecnológicas e relações envolvidas. Utilizando os mapas como um estímulo para a discussão, quero convidar os co-participantes a imaginar cenários que direcionem nosso presente para futuros anti-misóginos na última parte do workshop.

Nosso objetivo é fortalecer coalizões em torno de um problema que tem impactado ativistas —incluindo a comunidade da Cryptorave—, pesquisadores, militantes e jornalistas além de ampliar a conscientização sobre as consequências do assédio mediado por tecnologia e as medidas preventivas disponíveis. Por fim, buscamos inspirar práticas de resistência e cuidado baseadas em evidências para enfrentar esse tipo de violência.

Beatrys (Bya) é doutoranda e sindicalista no Departamento de Comunicação da Cornell University. Ela é uma pesquisadora interessada em tecnologia e gênero, com foco na criação de caminhos colaborativos liderados por trabalhadores e criadores contra o assédio e a desigualdade trabalhista mediada por plataformas digitais, além de investigar design fiction. Ela se baseia em feminismos interseccionais, perspectivas anticoloniais e perspectivas de pesquisa militante. Além disso, ela explora as interseções entre a investigação científica e a criação colaborativa de mídia, filmagem documental e experiências de design especulativo.