CryptoRave 2025

Ficção Cientifica Feminista em Abya Yala
16/05/2025 , Tula Pilar
Idioma: Português brasileiro

Lançamento do livro "Una bolsa de semillas: Ciencia ficción feminista en Abya Yala". Na língua Kuna, Abya Yala significa "terra de sangue vital" e, com o tempo, o termo foi adotado por movimentos indígenas e descoloniais para substituir a designação eurocêntrica de "as Américas". De autorias atravessadas por experiências nesta terra de sangue vital que surgiram as histórias do livro. Como um dos resultados, a ciência invocada — o "sci" em "fi" — também reconhece (e emerge de) nosso conhecimento e sabedoria locais e ancestrais. Essa sessão tem o objetivo de, por meio de leitura dos contos por algumas das pessoas que escreveram essas histórias, abrir um debate sobre os imaginários que emergem quando pensamos em ficção científica escrita desde nossos corpos-territórioso. Qual o papel dessas fabulações na construção de imaginários de futuro e das tecnologias contemporâneas?


Propomos trazer para a Cryptorave o lançamento brasileiro do livro "Una bolsa de semillas: Ciencia ficción feminista en Abya Yala", organizado em parceria entre a Coding Rights e a Musea M.A.M.I

O livro traz 11 contos de ficção científica feminista escritos por mulheres e dissidentes de gênero da Abya Yala (hoje mais conhecida como América Latina), e foi organizado por Lucía Egaña Rojas (M.A.M.I) e Joana Varon (Coding Rights). Abya Yala, na língua kuna, significa “terra de sangue vital”, o exercício do livro foi instigar e refletir desde nossos territórios e corporalidades sobre a produção de ficção científica, questionando, portanto, a visão de ciência imposta pelo pensamento ocidental eurocentrado.

Nessa sessão nos propomos a fazer exercícios de leitura de partes dos contos, a leitura será conduzida por algumas das pessoas que escreveram as obras, visando debater sobre os imaginários que emergem quando pensamos em ficção científica escrita desde nossos corpos-territórios. O que se produz quando se deixa de lado uma visão patriarcal, branca, cis, individualista e capacitista da ficção científica? Quais imaginários de futuro-passado-presente emergem desse exercício? Qual o papel dessas fabulações na construção de imaginários de futuro e das tecnologias contemporâneas? Serão algumas das questões abordadas.

Também podemos tratar do experimento coletivo de oficinas de narrativas, já que os contos foram desenvolvido por meio de uma série de encontros online com 12 pessoas selecionadas de uma convocatória que em poucos dias recebeu mais de 150 inscrições de toda a região. A oficina narrativa intitulada "Una Bolsa de Semillas", foi concebida a partir do desejo de colaborar, plantar sementes e nutrir práticas narrativas que ajudem a descolonizar nossos imaginários sobre futuros e tecnologias, objetivo que se relaciona com nossa proposta para a Cryptorave.

Joana é diretora e fundadora da Coding Rights, organização liderada por mulheres trabalhando para expor e tentar reparar assimetrias de poder embutidas no desenvolvimento de technologias e na sua aplicacão, principalmente aquelas que reforçam desigualdades de gênero e suas interseccionalidades. Doutoranda em Design e Antropologia pela ESDI_UERJ, afiliada do Berkman Klein Center for Internet and Society da Universidade de Harvard, e ex fellow de mídia da Mozilla Foundation, tem realizado projetos criativos que operam na intersecção entre direito, arte e tecnologia, como transfeministech.org, cartografiasdainternet.org, chupadados.com, #SaferManas, SaferNudes, protestos.org, freenetfilm.org.

Lucía Egaña se dedica al arte, la escritura, la investigación, la pedagogía y las prácticas autoinstituyentes entre el reino de España y latinoamérica/Abya Yala. Su trabajo individual y colectivo, proyectos y textos pueden ser consultados en http://luciaegana.net

Paul Gialdroni nasceu no interior da Argentina e é poeta, escritor e articulador cultural e político de Abya Yala. Por mais de 12 anos, ele promoveu espaços para poesia oral, educação popular e organização cultural e política em várias regiões de Abya Yala. Seu trabalho articula poesia, política e território em uma chave latino-americana. Atualmente mora em São Paulo, onde desenvolve diversos projetos e promove a visibilidade e os direitos das pessoas migrantes trans.

Asami Ortiz (Colômbia, 1993) é uma artista afrocolombiana, pró-ciborgue, escritora, professora e dramaturga. Publicou artigos e livros sobre poesia e arte contemporânea, entre eles Corpos ao limite (2021) e Entrelaçamentos da dor (2023). Licenciada em Arte Dramática, professora de teatro e especialista em estudos da performance, atualmente cursa o Doutorado em Artes na Universidad Nacional de Córdoba (Argentina) e na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Brasil), país onde reside e desenvolve sua carreira artística e acadêmica. Sua obra explora as interseções entre identidade, dor, memória e tecnologia a partir de uma perspectiva decolonial e ciborgue.