17/05/2025 –, Chelsea Manning
Idioma: Português brasileiro
A crescente presença de uma agenda antidiversidade tem mobilizado novas formas de alinhamento institucional e corporativo que colocam em risco comunidades historicamente marginalizadas. A diversidade e a inclusão tornam-se temas esvaziados de sentido nos espaços decisórios, especialmente no campo da tecnologia e da governança digital. Esta atividade propõe um diálogo crítico sobre o afastamento dessas pautas por parte de governos e empresas, ressaltando como corpas dissidentes, em especial as travestigeneridades, seguem sendo excluídas das estruturas que moldam os rumos da tecnologia. Vivemos tempos em que discursos de inovação e inclusão são amplamente propagados, mas na prática presenciamos o desmonte de políticas públicas e o abandono de compromissos empresariais com a equidade. A atividade propõe refletir sobre os impactos desse distanciamento para a segurança, a autonomia e os direitos digitais de nossas comunidades, mesmo em cenários onde aparentemente há estabilidade e acesso. O objetivo é provocar atenção e mobilização a partir das experiências dissidentes, questionando quem realmente tem sido incluído nas promessas de um futuro digital diverso.
A atividade propõe uma roda de conversa centrada na crítica ao afastamento da agenda de diversidade e inclusão por parte de instituições, com foco nos impactos dessa omissão para comunidades dissidentes. Em tempos em que discursos de inovação, representatividade e inclusão ganham espaço nos materiais institucionais, é preciso denunciar como esses mesmos discursos são acompanhados pelo esvaziamento prático das ações voltadas à equidade e pelo desmonte da agenda de inclusão. No campo das tecnologias e da governança digital, essa contradição se torna ainda mais evidente: enquanto se avança em tecnologias de vigilância, inteligência artificial e sistemas automatizados, as decisões e formas de estruturação que moldam sistemas e seu gerenciamento continuam sendo tomadas por grupos privilegiados, sem a presença efetiva de corpos dissidentes e racializados. A invisibilização das diversidades de gênero nos processos de formulação, regulação e execução de políticas tecnológicas representa um risco real à democracia, à segurança digital e à autonomia comunitária.
A atividade reunirá pessoas que atuam entre a militância, a produção de tecnologias autônomas, a governança da internet e os espaços institucionais, com a finalidade de construir um diálogo potente sobre o apagamento deliberado da agendas mencionadas e sobre como esse afastamento/apagamento opera na forma de controle social e exclusão digital. Também serão partilhadas experiências e estratégias coletivas de resistência, de produção de tecnologias de cuidado, e de enfrentamento às estruturas cisheteronormativas que sustentam o ecossistema tecnológico atual. Mais do que apenas nomear o problema, o espaço visa fomentar uma análise coletiva sobre como a ausência de políticas efetivas e o abandono empresarial das iniciativas de inclusão estão interligados a um projeto político de marginalização e silenciamento de grupos que há tempos lutam e resistem em seu direito de existir. A roda busca mobilizar participantes da CryptoRave para refletirem sobre a urgência de reintegrar corpos dissidentes nos debates sobre privacidade, segurança digital e governança da internet, mas não unicamente integrando essas pessoas como beneficiários de políticas, e sim como sujeitas produtoras de conhecimento e transformação.
Advogado e pesquisador, mestrando em Relações Internacionais pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Atua na interseção entre direitos humanos, tecnologia e justiça social, com foco na proteção e promoção de dignidade para integrantes da população LGBTQIA+ e pessoas em contextos de vulnerabilidade. Desenvolve pesquisas sobre governança da internet, vigilância digital e políticas públicas inclusivas, articulando ativismo e produção acadêmica com incidência local e internacional.