CryptoRave 2025

Internet propriamente dita: nascimento, apogeu e morte
17/05/2025 , Ian Murdock
Idioma: Português brasileiro

A internet como infraestrutura, ela propriamente dita, tem um berço incomum: encomendada com objetivos militares e criada por acadêmicos dos EUA, essa joia quando entregue pela comunidade técnico-científica à sociedade na década de 90 vem sendo desfigurada ao ponto de se tornar quase irreconhecível. Após ter atingido seu apogeu - com um papel central na cultura, na política, nas relações humanas e na economia - quando notada pelos detentores do poder acabou tornando alvo de ações que tem descaracterizada essa que é a maior obra da humanidade.

Nesta apresentação e apelo à preservação da internet, Ayub mostra quais elementos na criação dessa rede foram perdidos ao longo da trajetória e quais são os elementos técnicos, políticos e econômicos do presente que estão encaminhando a internet que hoje conhecemos para sua morte.


Hippies universitários da Califórnia financiados por um orçamento militar numa resposta estadunidense à derrota que Sputnik representou ao capitalismo. Desse berço a internet deixou de ser apenas um meio de comunicação e se tornou um elemento central da tecnologia, da política, da economia e das relações humanas. Controlar a internet é por tabela controlar a humanidade. Diante dessa constatação, agentes políticos e econômicos têm alvejado a rede mundial de computadores com ataques que a limitam, descaracterizam e a minorizam.

Como a compreensão do que é a internet como infraestrutura e o seu funcionamento exigem profundo conhecimento técnico, tais agentes inimigos da internet não tem encontrado resistência. Embora sua governança se dê por ONGs, é fácil confundir as empresas que nos dão acesso à internet como a internet propriamente dita. Como muitos serviços por ela providos não envolvem pagamento imediato e nota fiscal, alguns chegam a confundi-la como uma obra pública, mantida pelo tesouro público, tão quanto rua, praças e rodovias. Há muitos que falam em nome das aplicações que a internet dá suporte, mas poucos falam em nome da internet propriamente dita.

Percorreremos juntos nessa apresentação sobre nascimento, apogeu e morte da internet pelos elementos que escapam do conhecimento do internauta comum para que ele possa se reapropriar e defender a internet. Se perceberem como usuários e não como consumidores da internet. Entenderem o quão são corresponsáveis por ela.

Por fim, as maiores ameaças à existência da internet que conhecemos serão apresentadas para que uma vez conhecidas, possamos atuar juntos para neutralizá-las: o crescimento do narcoestado no setor de telecomunicações, as práticas anticompetitivas de fair share e zero rating, a formação de monopólios sobre serviços e protocolos, as novas propostas de legislação que podem inviabilizar a livre conversa pela internet.

Ayub é testemunha ocular da chegada da internet no Brasil: em 1995 acompanhou a transformação dos BBS nos primeiros provedores discados e desde então atua na operação e engenharia de provedores, data centers e anti-DDoS. É colunista de tecnologia, mantém um canal no YouTube sobre a internet e tem sido uma voz ativa na imprensa nacional e internacional quando o tema é a rede brasileira. Tem se engajado ao lado da sociedade civil organizada contra ataques à rede, como limite de franquia na banda larga fixa, fair share e as recentes ordens de censura sigilosas por parte da Anatel.