17/05/2025 –, Sala de Exposições
Idioma: Português brasileiro
Uma palestra sobre como corpos transmasculinos desafiam as normas da tecnologia, desde a linguagem até o cooperativismo digital. Partindo de experiências no Brasil e na Argentina, discutirei:
Linguagem como criptografia: identidade boyceta, Pajubá e disputas sobre o termo cuír;
Tecnologias sociais em cooperativas trans como ferramentas de autonomia;
Privacidade para corpos dissidentes: como a vigilância de gênero exige novas estratégias de segurança digital.
Trarei exemplos da cooperativa Señoritas Courier e da pesquisa WOIP, com exibição da minha ilustração tatuada (uma "assinatura" transmasculina). A palestra termina com um debate sobre como criar redes seguras e anticoloniais.
Esta atividade propõe uma reflexão corporificada sobre tecnologia, partindo da minha trajetória como pessoa transmasculina (boyceta), periférica e cooperativista. Na Argentina, ao participar do evento sudoAmérica e conhecer cooperativas como Código Libre, percebi como infraestruturas autônomas são vitais para corpos dissidentes.
Três eixos estruturarão a palestra:
"Boyceta como hackeamento de gênero":
Como o termo (criado por um transmasculino indígena) desestabiliza o binarismo e o falocentrismo;
Paralelos entre Pajubá (dialeto trans brasileiro) e criptografia como códigos de sobrevivência.
Cooperativismo como tecnologia dissidente:
Experiências da Señoritas Courier (Brasil) e FACTTIC (Argentina);
Por que "igualdade" não basta: tecnologias devem considerar condições desiguais de existência.
Privacidade trans e segurança digital:
Crítica à vigilância de gênero em plataformas tradicionais;
Estratégias de anonimato e autonomia em redes alternativas.
Formatos:
"Performance:" Exibirei minha tatuagem (ilustração criada durante a transição) e trechos da música Tem Treta Lá (PAMKA);
Interação: Pergunta inicial ao público: "Quantos de vocês já precisaram criptografar sua identidade para existir?";
Debate final: Como coletivos podem construir ferramentas livres que incluam transmasculinidades.
Por que na CryptoRave?
Alinha-se com os temas privacidade, e infraestruturas autônomas;
Traz a perspectiva transmasculina, pouco discutida mesmo em espaços LGBTQIAPN+;
Propõe uma tecnologia corporificada, que parte de corpos fora da norma.
Necessidades técnicas: projetor para slides (com imagens da ilustração) e caixa de som para áudio breve;
Caso aprovada, a atividade pode ser expandida para uma oficina sobre comunicação segura para coletivos trans.
Joaquim Renato é uma pessoa transmasculina, autodeclarado "boyceta", nascido em São Paulo e residente em Campinas. Ciclista, cicloviajante e cicloativista, é educador social e estudante de tecnologia, buscando hackear o CIStema por meio da apropriação das ferramentas digitais. Vice-presidente da cooperativa Señoritas Courier, combate a uberização do trabalho de entregas. Como biker cultural, elabora roteiros que destacam arte e cultura nas cidades. Coordena o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT) em Campinas e integra a Casa Transvyada, fortalecendo redes de apoio e resistência transmasculina.