17/05/2025 –, Edward Snowden
Idioma: Português brasileiro
A palestra discute como provedores comunitários de internet podem garantir conectividade significativa — acesso estável, relevante e controlado pelas comunidades — em territórios urbanos e rurais. Partindo de experiências como as Cozinhas Solidárias do MTST, onde Wi-Fi gratuito virou ferramenta de inclusão digital e organização política, exploramos desafios e soluções para redes autônomas. Abordamos a diferença entre modelos urbanos (como ocupações) e rurais (como quilombos), destacando casos como a Rede Mocambos e o MariaLab. Também discutimos letramento digital crítico, essencial para combater desinformação e dependência de plataformas corporativas. Por fim, apresentamos propostas para políticas públicas e infraestruturas locais que priorizem soberania tecnológica, reduzindo desigualdades e fortalecendo direitos digitais. A palestra é um convite para repensar a internet como bem comum, não mercadoria.
A conectividade significativa vai além do acesso à internet: exige infraestrutura estável, preço acessível, conteúdo relevante e controle comunitário. No Brasil, 84% da população está online, mas as periferias e zonas rurais dependem de redes móveis limitadas (3G/4G) ou serviços informais, que perpetuam exclusão. Provedores comunitários surgem como alternativa, como mostra o projeto de Wi-Fi nas Cozinhas Solidárias do MTST: em ocupações, a internet gratuita virou ferramenta para cadastros em programas sociais, comunicação familiar e até produção de conteúdo local.
Mas os desafios são distintos em cada território. Em áreas urbanas, como ocupações, a infraestrutura das grandes operadoras está saturada, e redes comunitárias enfrentam burocracia da ANATEL. Já em comunidades rurais e tradicionais (como quilombos), a falta de investimento estatal exige soluções criativas, como a Rede Mocambos, que usa rádio e software livre para conectar territórios isolados. Movimentos como o MariaLab combinam tecnologia e ativismo, promovendo oficinas de segurança digital e soberania tecnológica para mulheres e grupos marginalizados.
Para que a conectividade seja de fato significativa, é preciso letramento digital crítico. Nas Cozinhas Solidárias, por exemplo, muitos usuários só acessam a internet via celular, com dificuldades em serviços básicos (como criar um e-mail ou acessar o GOV.br). Oficinas que simplificam etapas e explicam riscos (desinformação, vigilância de dados) são tão urgentes quanto a infraestrutura física.
A palestra também debate políticas públicas: como adaptar marcos regulatórios (como o Marco Civil da Internet) para apoiar redes comunitárias, garantindo financiamento e sustentabilidade. Propõe ainda a criação de servidores locais em territórios, armazenando conteúdos educativos e culturais — reduzindo a dependência de plataformas globais.
Por fim, defendemos que a soberania digital começa na base: com tecnologias a serviço de quem luta por moradia, terra e direitos. Provedores comunitários não são apenas "internet grátis", mas ferramentas de transformação social, capazes de fortalecer laços locais e pressionar por um futuro digital mais justo.
Pesquisador, consultor, militante do MTST
Profissional com 10+ anos em governança de dados, analytics e gestão de projetos, integrando tecnologia e estratégia para gerar valor. No voluntariado (MTST), coordeno o time de Conectividade e Redes Comunitárias e atuo na Frente de Dados, promovendo inclusão digital. Como educador de tecnologia desde 2020, capacito comunidades em ferramentas digitais. Em 2025, serei relator em um painel sobre educação tecnológica, compartilhando insights sobre inovação social. Minha trajetória combina expertise técnica (Python, Power BI, governança) com impacto coletivo, alinhando dados a propósitos transformadores.