CryptoRave 2025

Online Dating e Inteligência Artificial: onde estamos e o que esperar para o futuro?
17/05/2025 , Sala de Exposições
Idioma: Português brasileiro

A atividade debaterá o impacto da incorporação de funcionalidades baseadas em Inteligência Artificial nos serviços de online dating em questões relacionadas com privacidade, uso de dados biométricos (como avaliação facial para indicação de potenciais matchs) até riscos de reforços de vieses racistas e estereótipos de gênero. Ao mesmo tempo, essas ferramentas têm sido utilizadas por grupos discriminados socialmente como um espaço seguro para encontrar novas parcerias afetivo-românticas e afetivo-sexuais. Pretendemos, nos dois primeiros momentos, expor o cenário atual e tendências a curto prazo sobre esses dois pontos e, em uma terceira fase, propor uma discussão coletiva entre os participantes da atividade sobre como é possível, dado o contexto atual, encontrar alternativas éticas e que, ao mesmo tempo, priorizem a privacidade e segurança dos usuários, para o futuro do online dating.


O inverno dos aplicativos de online dating tem feito com que as empresas responsáveis pelos dating apps tenham investido no desenvolvimento de funções e novas ferramentas com Inteligência Artificial incorporada. Essa mudança ainda tem ocorrido de forma mais lenta, mas tende a acelerar nos próximos meses.
A proposta de atividade visa, portanto, expor qual é o cenário atual, trazendo dados sobre as funções e serviços já existentes, os anúncios feitos pelas empresas que podem indicar tendências em curto prazo, discutindo criticamente questões relacionadas à privacidade. Por exemplo, aplicativos como Iris e Aimm utilizam dados biométricos dos usuários para propor potenciais matches para os usuários e já estão em operação em 2025. Nessa primeira exposição, debateremos limites éticos e riscos sociais, como reforço de racismo, estereótipos de gênero e classe no uso dessas ferramentas na proposta atual.
Na segunda fase, será exposto como esses apps tem sido refúgios para grupos marginalizados, que encontram espaço seguro para exercerem sua sexualidade e minimizar riscos que poderiam ocorrer em outros ambientes. Isso foi apontado no relatório State of Dating v.2, publicado em 2024 e elaborado em parceria entre o Feeld e a pesquisadora Apryl Williams (autora do livro “Not my Type: Automating Sexual Racism in Online Dating”). No documento, foi apontado que pessoas queer, trans, não-binárias são 83% mais propensas a optarem por conexões online do que presenciais, em comparação com usuários heterossexuais desses serviços, devido à confiança e segurança. Por isso, não é possível negar a importância desses serviços para grupos discriminados socialmente.
Na terceira fase, a ideia é propor uma discussão coletiva e colaborativa para refletir sobre como ter serviços de online dating, em uma potencial nova fase desses serviços que será orientada pela adoção de funções baseadas em IA, sobre como poderia ser possível ter serviços seguros, com maior privacidade, que reduzam reforços de discriminações para diversos grupos e que priorizem a segurança dos usuários.
Desta forma, a atividade terá a seguinte estrutura:
• Primeira etapa: expositiva sobre o cenário atual da adoção de IA nos serviços de online dating e tendências futuras, trazendo reflexões críticas sobre as proposições atuais. Tempo: 15 minutos.
• Segunda etapa: expositiva sobre como esses espaços têm sido utilizados por grupos que são discriminados socialmente para proporcionar maior segurança nas suas buscas por potenciais parcerias afetivo-românticas e afetivo-sexuais. Tempo: 15 minutos.
• Terceira etapa: discussão com os participantes, com perguntas disparadoras, para debater como é possível ter um online dating que priorize a segurança dos usuários, privacidade e que não reproduza vieses discriminatórios em seu uso. Espaço também para perguntas sobre o tema e tempo extra em caso de contratempos. Tempo previsto: 20 minutos.

Doutoranda em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC, Mestra em Comunicação e Sociedade. Pesquisa sobe online dating no doutorado e debate sobe (a)sexualidade(s) no Hacking Sex. Pesquisadora do LabLivre da UFABC.