Gisele Zanola
Doutoranda, mestra (2024) e bacharela (2020) em Filosofia pelo Departamento de Filosofia da USP. Pesquisou, no mestrado, a crítica da ideologia de A ideologia alemã, de Marx e Engels, financiada pela FAPESP. No doutorado, dedica-se à pesquisa da relação entre a crítica da ideologia de A ideologia alemã e a crítica da economia política encontrada nas Teorias do mais-valor. Tem experiência em filosofia da tecnologia.
Session
Pretendemos analisar algumas das principais posições encontradas na literatura crítica sobre as tecnologias da informação e da comunicação, identificando que as noções de extrativismo de dados, de Morozov (2018), de mais-valor comportamental, de Zuboff (2021), e de mercado de dados, proposta por Amadeu (2019), partilham de um pressuposto, por vezes implícito: a neutralidade da tecnologia, a ideia de que os efeitos benéficos ou maléficos de uma tecnologia são frutos de seu uso. Segundo nossa interpretação, esse pressuposto seria índice de como esses autores priorizam de saída uma solução política para os efeitos maléficos das TICs – o tecnoutopianismo realista em Morozov, a mobilização democrática em Zuboff e a soberania digital em Amadeu –, o que interdita uma análise crítica e sistemática das TICS como aquela realizada por Julian Assange (2013), que prioriza a análise da infraestrutura de produção das TICs.